A SIMPLICIDADE DA DEFESA DA NOSSA FÉ
APOLOGÉTICA
APOLOGÉTICA
“I Pedro 3:15
“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados
para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da
esperança que há em vós,””.
“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados
para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da
esperança que há em vós,””.
A Simplicidade da Defesa da nossa Fé
“O maior
obstáculo ao impacto do Evangelho não tem sido a sua inabilidade de prover
respostas, mas a nossa falha em vivê-lo”[1]
Os apologetas Ravi Zacharias and Norman Geisler destacam neste capítulo
do seu livro, quatro tarefas que, como pastores, líderes e apenas crentes em
Jesus, devemos observar, na perspectiva do reconhecimento do importante papel
de viver uma vida cristã disciplinada como uma defesa da nossa fé. Suas bases,
extraídas dos trabalhos de “Os Guinness” (Cristão, Palestrante Crítico Social e Escritor), são aqui
expandidas tendo o mente pastores e líderes, ainda que podem e devem ser
aplicadas por qualquer cristão cuidadoso dessa importante responsabilidade, com
comprometimento.
1.
Esclarecer o Conteúdo da Verdade
Este é o principal propósito da
defesa da nossa fé, pois hoje em dia o cristianismo sofre muito as influências
dos métodos e seduções do mundo. Ravi conta que após uma palestra na Academia
Militar Lênin, em Moscou na Rússia, um dos militares se levantou e perguntou:
“Por cerca de uma hora você tem usado a palavra “Deus” várias vezes, o que você
quer dizer com este termo?” Ele se lembrou que estava falando a uma audiência
de ateus e ele talvez não tenha conseguido se conectar com por falta de definir
seus termos fundamentais.
Algumas vezes tenho mencionado isso
nas nossas reuniões, nós usamos muitas expressões “cristãs”, para não
classificá-las de jargões, que nossos convidados não têm a menor ideia do que
significam, ou pelo menos não sabem o que significam para nós. Por exemplo, se
usamos a expressão “os santos do Senhor” e tivermos católicos ou novos
convertidos do catolicismo entre nós, eles certamente não sabem o que estamos
querendo dizer ou vão pensar que nós também adoramos imagens.
Nós usamos muitas expressões, mesmo
que bem simples, sem nenhuma explicação
do que estamos querendo dizer, mesmo nas coisas básicas. As vezes as expressões
crente, cristão, Cristo, irmão, igreja, etc., têm uma conotação bastante
prejudicada aos ouvidos de muitas pessoas que têm um conhecimento muito mais
pervertido delas, que autêntico.
Me lembro de uma tarde quando estava
trabalhando na loja dos meus pais chegou um rapaz bem jovem, mais ou menos da
minha idade, e começou a despejar um discurso decorado para me apresentar uma
coleção de livros e me convencer de comprá-la. As sua expressões eram tão
decoradas que eu fiz um comentário mais ou menos como – “você pode repetir tudo
outra vez de trás prá frente agora?”
Já percebeu que muitos de nós somos
exatamente assim? Não decoramos as coisas, mas às vezes nas nossas verdades,
nas nossas crenças, somos automáticos, às vezes. Colocamos a marcha do carro no
automático e vamos embora sem nos lembrarmos que mesmo no automático as marchas
vão progressivamente se desenvolvendo. Temos de esclarecer o conteúdo das
nossas verdades passo a passo, uma etapa de cada vez.
Talvez por isso nós tenhamos perdido
nossa habilidade e capacidade de persuasão ao evangelho.
Muitos acreditam que a verdade
pertence a uma denominação, outros às suas convicções e outros ainda há que
aceitam tudo como verdade. Falamos disso no Secularismo, especificamente quando
abordamos o Relativismo, lembra? Pessoalmente, particularmente, não podemos
dizer que a verdade é exclusividade nossa, nem também podemos aceitar que tudo
é verdade e que toda religião está certa. Somos humildes o sufciente para
reconhecer que eventualmente podemos estar equivocados em alguma coisa e
prontos para corrigir o curso, mas não ao ponto de desestabilizar os
proncípios, as doutrinas da palavra de Deus e crêr em qualquer coisa. Se tudo
fosse verdade, nada seria falso e se nada fosse falso, qual o significado da
verdade?
Todas as religiões têm fundamentos
inegociáveis, são seus dogmas, suas verdades. Mas o que importa na prática é como a sociedade e a cultura acabam
lidando com essas verdades. Esse é o tendão de Aquiles na comunicação.
No nosso caso como cristãos, isso
implica em como interagimos com pessoas que creêm em diferentes verdades, sem
romper a linha de comunicação. Essa linha de comunicação, hostóricamente
prejudicada pelos desmandos religiosos em épocas antigas que resultaram numa
Europa secularista e anti-religião, também tem sido prejudicada nos países do
“novo mundo” pela politização e liberalismo nas religiões, especialmente
cristãs evangélicas. Abandonou-se a defesa da fé à causa de discussões públicas
de políticas externas e alheias, bem como, o que é ainda pior, pelas discussões
públicas do que deveria ser apenas interno e particular, se é que deveria
sequer existir.
1Co 6.1, 2, 6 e 7
“Ousa algum de vós, tendo uma queixa contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Ou não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo há de ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas?”
Mas vai um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos?
“Ousa algum de vós, tendo uma queixa contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Ou não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo há de ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas?”
Mas vai um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos?
Na verdade já é uma completa derrota para vós o terdes demandadas uns
contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis
antes a fraude?
Por outro lado, como pastores e
líderes, temos o sagrado dever de constantemente lembrar o povo de Deus qual a
verdadeira natureza da verdade, porque se a verdade desaparece do nosso meio, o
próprio Evangelho desaparece do coração dos ouvintes. A primeira e principal tarefa de um apologista é se posicionar pela
verdade e elucidar as alegações do Evangelho.
Elucidar e defender a verdade é a
parte mais difícil da apologética porque ela é fundamental. Muitas pessoas
tremem e gagejam quando têm de definir a verdade porque elas mesmas nunca param
para refletir e entender o que elas mesmas querem dizer quando afirmam que
Jesus é o caminho a verdade e a vida.
A verdade, mesmo numa simples
afirmação, precisa ser testada por dois
princípios, propõem os autores: Qualquer declaração feita tem de corresponder à realidade, e o sistema de
pensamento que é desenvolvido como resultado tem de ser coerente.
Em outras palavras, quando a gente
faz uma declaração, ela tem que ser real e, ela vai gerar uma discussão que tem
de ser coerente. Ou seja, ninguém pode afirmar que algum pensamento ou
declaração é verdade se a afirmação é totalmente fora da realidade. Se for
assim, nunca vai haver uma discussão, um sistema de pensamento desenvolvido,
que seja coerente.
Um exemplo, um pouco exagerado, mas
apenas para ter uma ideia, é a estória do paciente que disse ao psiquiatra que
ele era um galo. Está fora da realidade e não dá para discutir.
Sem perceber, talvez, todos nós
aplicamos os testes da correspondência à
realidade e da coerência nas
questões que nos afetam na vida.[2]
A alegação de Jesus em ser o caminho
a verdade e a vida e que ninguém chagria ao pai senão por Ele, embora pareça
ser muito forte, é rasoável na sua afirmação da exclusividade da verdade.
Alguém pode então legitimamente perguntar se Ele demonstra essa alegação além
de apenas atestá-la, fazê-la, sem nenhuma defesa razoável. É muito importante que
quando se faça uma alegação da verdade diante de uma audiência que se embase
essa verdade, que se esclareça. Esse é primeiro e mais importante passo na
apologética.
O Dr. Ravi sugere que na sua
mensagem, um pastor seja capaz de difundir muitas questões e esclarecer muitos
termos. Ele usa uma linguagem da eletrônica para ilustrar o processo. O
pregador ou líder quando assume o púlpito, toma dois pontos, no coração e no
intelecto do ouviente, e os pluga na
estrutura da sua mensagem, conectando o ouvinte ao receptáculo do poder de Deus
que fornece energia (poder) à alma do recipiente. Quando isso acontece, diz
Ravi, o pastor serve como um adaptador para aquela necessidade e a apologética
alacançou seu objetivo. Isso é o que de pelo menos alguém que está pregando
deve fazer. Respondendo às perguntas do coração do ouvinte, o pastor se torna
no veículo que carrega a resposta de Deus.
Se o assunto é muito profundo para o
pastor abordar (...profundo, polêmico e filosófico...), ele deve buscar outros
recursos e/ou pessoas que possam prover as respostas. Um pastor não tem que ter
especialização em todas as áreas, mas deve estar pronto para apontar os
recursos seguros onde as pessoas encontrarão respostas às suas questões. Nunca
houve tanto material escrito, de áudio ou vídeo, disponível como agora. São
doutores interagindo com a geração jovem, e os pastores demonstarnto sintonia
nos assuntos.
2.
A Responsabilidade de Remover os Obstáculos
Em segundo lugar, temos a
responsabilidade de remover os obstáculos
do caminho dos ouvintes para que eles possam ter uma visão direta da cruz e
da pessoa de Cristo. Aqui os pontos principais são a sensibilidade à experiência e a percepção
do indivíduo.
O Dr. Ravi conta uma experiência do
início do seu ministério quando atendeu a um casal que tinha algumas perguntas
e a primeira foi sobre a existência da dôr e sofrimento no mundo – “como pode Deus ser um Deus de amor?”
Respondendo a pergunta ele percebe o bebê deles dormindo num banco logo atrás e
nota que ele havia nascido com graves defeitos físicos.
Entende então que a última coisa que
eles precisavam era uma resposta intelectualmente distante da dôr que eles
estavam sentindo. Havia obstáculos à sua
fé que não poderiam ser postos de lado com uma simples resposta acadêmica.
Fazê-los olhar para Jesus sem aquela barreira de dôr era uma longa e ardorosa
tarefa de resposta, disse.Toda proclamação tem barreiras que lhe antecipem e,
somente quando essas barreiras são removidas pela mensagem e o Espírito Santo
traz a convicção, pois é Ele quem convence o homem do pecado e da justiça e do
juízo, é que o coração pode atentar para Jesus.
A longa jornada de filho de pastor
e pastor nos permitiram ver muita coisa
e nos dão experiência para perceber que todo cristão maduro sabe e pode muitas
vezes até pontuar, que em nofundo os
problemas não intelectuais, mas morais. No caso dos ateus, por exemplo,
alguns dizem que o ônus da prova é dos teístas[3],
outros, que a ausência de provas da existência de Deus é a mesma que a do Papai
Noel[4].
Essas afirmações, carecem também de um processo de entendimento.
Lembre-se que o nosso objetivo é
defender a nossa fé de maneira simples e não degladiar nossas convicções com
quem quer que seja. Queremos ajudar o povo de Deus a firmar bem as estacas da
sua fé e ganhar os ateus para Cristo.
Aqui, além da valiosa contribuição
do Dr. Zacharias, podemos adicionar a perspectiva do Dr. Paul Copan, candidato a Ph. D. em
Filosofia pela Marquette University. Ele analisa de forma muito
interessante o fato dos ateus presumirem que não têm responsabilidade de provar
coisa alguma. Ele diz:
“Mesmo que o teísta não consiga reunir bons argumentos para a existência
de Deus, o ateísmo ainda assim não seria verdade. O ateu Kai Nielsen reconhece
isso: "Mostrar que um argumento é inválido não é mostrar que a conclusão
do argumento é falsa .... Todas as provas da existência de Deus podem falhar,
mas ainda pode ser que Deus exista[5].
A "presunção ateísta" demonstra uma manipulação das regras do
debate filosófico, a fim de fazer que eles sim tenham uma afirmação da verdade.
Alvin Plantinga corretamente argumenta que o ateu não trata as afirmações
"Deus existe" e "Deus não existe" da mesma maneira.[6]
O ateu assume que se alguém não tem evidência da existência de Deus, então é
obrigado a crer que Deus não existe – não importando se alguém tenha ou não
prova contra a existência de Deus.
O que o ateu não consegue ver é que o ateísmo é tanto a pretensão de
saber alguma coisa ("Deus não existe") quamto o teísmo ("Deus
existe"). Portanto, a negação ateísta da existência de Deus precisa de comprovação
como a alegação teísta, o ateu deve dar razões plausíveis para rejeitar a
existência de Deus.
Na ausência de provas da existência de Deus, o agnosticismo, não o
ateísmo, é a presunção lógica. Mesmo que os argumentos para a existência de
Deus não convençam, o ateísmo não deve ser assumido, porque o ateísmo não é
neutro; o agnosticismo puro sim é (isso não quer dizer absolutamente que o
agnosticismo seja certo ou coerente, comentário nosso). O ateísmo só se
justifica se houver provas suficientes contra a existência de Deus.
Colocar a crença em Papai Noel ou sereias e a crença em Deus no mesmo
nível é puro engano. A questão não é que não temos boa evidência para estas
entidades místicas, mas sim, temos fortes indícios de que eles não existem.
O teísta pode reunir razões credíveis para a crença em Deus. Por
exemplo, alguém pode argumentar que a contingência do universo - à luz da
cosmologia do Big Bang, o universo em expansão, e a segunda lei da
termodinâmica (o que implica que o universo foi "dissolvido" e
acabará por morrer uma morte térmica) - demonstram que o cosmos não foi sempre
aqui. O cosmos não poderia ter vindo à existência sem causa, de absolutamente
nada, porque nós sabemos que tudo que começa a existir tem uma causa. A Causa
Primeira é como o poderoso Deus do
teísmo plausivelmente responde a questão da origem do universo. Além disso, a
fina sincronia do universo - com condições complexamente equilibradas que
parecem adaptadas para a vida - apontam para a existência de um criador
inteligente.
A existência de uma moralidade objetiva fornece evidência para a crença
em Deus. Se abandonar a viúva ou cometer genocídio, é muito errado, e não
apenas culturalmente falando, então é difícil explicar uma moral universalmente
vinculativa, em termos estritamente naturalistas. A maioria das pessoas pode
ser convencida de que a diferença entre Adolf Hitler e Madre Teresa não é
apenas cultural. Estas e outras razões, demonstram que o crente está sendo
bastante racional - e não presunçoso - de abraçar a crença em Deus.[7]”
Para a maioria dos ateus, seu
ateísmo baseia-se em um problema moral e não intelectual. Eles querem uma
autonomia moral e, consequentemente, apresentam a sua oposição ao teísmo como
intelectual e não o contrário.[8] A questão portanto reside no complexo moral,
do certo e errado.
1Jo 3.4
“Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia.” (ARIB)
“Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia.” (ARIB)
A tarefa do apologista é, com a
ajuda de Deus, ajudar o seu questionador ver o seu próprio coração como a raiz
do problema e orar para que o Espírito Santo traga a convicção do pecado, pois
é o que realmente isso é. Uma vez que essa convicção vem e o coração é
descoberto , o Senhor Jesus aparece no seu esplendor com a oferta de perdão.
3.
Dar Respostas Específicas Considerando a Cosmovisão do
Questionador
Outra importante tarefa que temos
como cristãos é considerar a cosmovisão da pessoa que estamos tratando e dar
respostas específicas sobre a nossa fé.
O desafio aqui é um pouco maior
porque, como podemos responder a questões fundamentais legítimas com
integridade e sensibilidade à razão e emoções da outra pessoa?
Por exemplo, se uma adolescente
questiona seu pai, dizendo: “Pai, meu
professor de sociologia disse que a sexualidade é basicamente uma questão
cultural, é verdade?
Se o pai responde: “Não minha filha, a Bíblia nos mostra
claramente que existem leis que Deus estabeleceu para a vida sexual do ser
humano.”, ela pode responder: “mas
ele não acredita na Bíblia.”
O pai está certo na sua maneira de
lidar com o problema, mas ele colocou a filha numa posição que ela não tem como
defender seu recurso de autoridade, ou seja, ele se defende mas não tem como
argumentar já que o professor e ela estão baseados em princípios totalemente
distintos. Se o profrssor tivesse mencionado a Bíblia seria mais fácil, mas se
a Bíblia é rejeitada, então a menina está numa cova de leões, sem defesa
alguma.
Portanto, a melhor abordagem de
defesa da fé e ataque à falsidade aqui, certamente é detectar as cosmovisões e
os desafios entre elas.
Uma das melhores maneiras de
abordagem, que ajuda muito a identificar esse tipo de assunto, a defesa da
nossa fé na perspectiva da cosmovisão do arguinte é conhecida como “Os Três Níveis de Filosofia”.
Essas explicações vão nos ajudar
muito a simplificar nossa maneira de pensar e abordar um assunto difícil. Isso
exige uma visão prática rigorosa, especialmente no processo como as pessoas
acreditam em certas coisas. Alguns pastores e líderes não gostam muito do pensamento
filosófico, mas cada um de nós luta com estes problemas em algum nível, e o
nosso povo, ídem.
O primeiro nível é fundamental, básico – A infra-estrutura teórica da lógica onde as induções são feitas e
as deduções são postuladas. Ou seja, aqui nossos somos induzidos a pensar em algum assunto ou
argumento, e aqui também chegamos às nossas deduções.
Ainda que pareça muito filosófico,
não é. A verdade tem uma relação direta com a realidade e as leis da lógica se
aplicam em todas as esferas de nossas vidas.
O professor Peter Kreeft, professor
de filosofia do Boston College, comenta a abordagem no que ele chama de as Três Filosofias de Vida. Ele diz que
três coisas têm que combinar em qualquer tipo de argumento:
1. Os termos têm de ser exatos,
inequívocos, inambíguos
2. As premissas, as bases, têm de ser
verdadeiras.
3.
O
argumento tem de ser lógico.[9]
Um exemplo colocado pelo Dr.
Zacaharias nos ajuda a entender bem esta questão; ele conta que um aluno certa
vez afirmou que “nada na vida tinha significado, valor algum”. Você não crê
verdadeiramernte nisso, respondeu Ravi. Creio sim, quem é você prá dizer que eu
não creio? disse o aluno. Então o Dr. Ravi disse: “então repita sua declaração
para mim”. O aluno repetiu: “nada na vida tem significado algum!”. Ravi disse
então: “se a sua declaração tem algum significado, então alguma coisa na vida
tem significado. Ou seja, se nada tem significado, então o que você disse
também não tem valor algum. Então você não disse nada!”
O segundo nível de filosofia não sente a restrição da razão. Ele
encontra seu refúgio na imaginação e
no sentimento. Essas formas de pensar, neste nível,
podem entrar na consciência através de um jogo ou de uma novela, ou
tocar a imaginação através da mídia visual, tornando aquilo que críamos, alterado
por seu impacto, através das nossas emoções.
Isso é extremamente eficaz –
literatura, teatro, música, etc., –
têm historicamente moldado a alma de uma nação muito mais do que o
raciocínio sólido. Influênciando as massas.
O nível dois é existencial e falaciosamente
alega que ele não precisa curvar-se as leis da lógica. Porém, muitas pessoas
que tomam as suas emoções como um ponto de partida para determinar a verdade
acham que elas são donas da verdade. Ao pensar exclusivamente a este nível,
elas mergulham sistematicamente mais profundamente, até que seu mundo gira em
torno da sua paixão pessoal, com uma perigosa auto-absorção.
É muito importante que entendamos
isso, não somente para a nossa vida pessoal, mas para que possamos lidar melhor
com as outras pessoas, especialmente àquelas que temos de defender a nossa fé. Tem gente que assume seu mundo de maneira
tão emocional que acaba acreditando que todo mundo é igual, , por exemplo, que
todo mundo é ladrão ou mentiroso.
Elas reformulam sua visão de mundo para
uma visão de "melhor sentir do que falar", se sente bem, faça isso,
ou, como a letra da música diz: "Como é que pode estar errado quando a
gente se sente tão bem?" Infelizmente, até mesmo muitas igrejas se têm
dado a pensar quase que exclusivamente a este nível, como é evidenciado em sua
adoração e pregação (como a doutrina dos anjos que acabou com a igreja em
Boston, por exemplo; parecia que havia tanto poder, tanta presença de Deus com
a evidência na aparição dos anjos, mas era apenas emocional e o resto do mundo
estava errado por não compartilhar ou por não ter “nível espiritual” suficiente
para absorver ou pelo menos entender). Mas enganamos nosso povo quando
divorciamos nossa pregação de um argumento sério, mesmo que eles tenham
interpretações difíceis e, ao invés disso pregamos ao nível apenas da emoção.
Hb 5.11
“Sobre isso temos muito que dizer, mas de difícil interpretação, porquanto vos tornastes tardios em ouvir”. (grifo nosso)
“Sobre isso temos muito que dizer, mas de difícil interpretação, porquanto vos tornastes tardios em ouvir”. (grifo nosso)
2Pe 3.16
“como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição.”
“como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição.”
O terceiro nível é conhecido como “as conclusões da mesa da cozinha”. É incrível o quanto de
moralização e de prescrição na vida acontece durante conversas informais.
A configuração pode variar de cafés
onde filósofos frustrados pontificam sobre temas profundos, para a mesa da
cozinha onde as crianças interagem com os pais em questões de grande alcance,
de assuntos profundos. O assunto pode surgir de um item das últimas notícias ou
de um escândalo do dia, ou pode ser uma questão levantada na sala de aula, como
a mencionada acima, da filha e seu pai. Deste nível de filosofar não escapam
nem a criança nem o reitor de uma universidade de prestígio, porque
"Porquê?" é uma das primeiras expressões da vida humana.
Em resumo, o nível um é com respeito à lógica, nível dois é baseado no sentimento, e o nível três é o lugar onde tudo é aplicada à realidade. Dito de
outra forma, o nível um atesta porque
nós acreditamos no que nós acreditamos, o nível dois indica porque vivemos o modo como vivemos, e o nível três atesta por que julgamos os outros
da maneira que nós julgamos.
Para cada vida que é vivida a um
nível razoável, estas três questões devem ser respondidas. Em primeiro lugar, eu posso defender o que acredito em conformidade com as leis da lógica?
Ou seja, é defensável? Segundo, se todo mundo deu a si mesmo as
prerrogativas da minha filosofia, poderia haver harmonia na existência? Ou
seja, é suportável isso? Terceiro, eu tenho o direito de fazer julgamentos
morais nos assuntos da vida diária? Ou seja, é transferível?
Nenhum destes níveis pode existir
isoladamente. Eles devem seguir uma seqüência correta. Aqui está a chave: Deve-se argumentar a partir do nível um,
ilustrar a partir do nível dois, e aplicar no nível três (VIP em nossas mensagens no púlpito).
A vida deve passar da verdade para a experiência e daí para a
prescrição, receita.
Se qualquer teísta ou ateu viola esse procedimento, ele não está lidando com a
realidade, está criando a sua própria realidade.
Denovo, o pai e a filha e o assunto
em da sexualidade e a cultura. Observe que o pai faz o seu argumento no nível
três, da receita, ou seja, a receita é o que a Bíblia diz. Não está errado mas
a questão se dá a outro nível, que é, há absolutos? Ou seja, nível um,
argumento.
Portanto, o pai deve então começar
no nível um, a razão para a sua afirmação, mostrando que a Bíblia é válida para
o argumento por muitas razões, seja pelo seu valor histórico, filosófico ou
moral. Ele deve também mostrar que um absoluto, por natureza, não tem
necessidade de ser culturalmente determinado. Ou seja, verdades absolutas
transcendem barreiras culturais.
Outra ilustração que ajuda muito na
compreensão desse assunto é a da abordagem de uma repórteer ao Dr. Zacharais;
ele conta: Após a palestra, ela estava caminhando ao meu lado e disse:
"Posso lhe fazer uma pergunta que realmente me dá problema com os
cristãos?"
Ficarei feliz em responder.
"Por que?", ela perguntou, "os cristãos são abertamente contra a
discriminação racial, mas ao mesmo tempo, discriminam certos tipos de
comportamento sexual?" (Ela fez referências específicas aos tipos de comportamento
em que ela se sentia discriminada) .
Eu disse: "Somos contra a
discriminação racial, porque uma etnia é sagrada. Você não pode violar a
sacralidade da própria raça. Pelo mesmo motivo, somos contra a alteração do
padrão e do propósito de Deus para a sexualidade. O sexo é sagrado aos olhos de
Deus e não deve ser violado. O que você tem que explicar é por que você trata a
raça como sagrada e dessacraliza a sexualidade. A questão é realmente sua, não
minha.
Em outras palavras, o nosso
raciocínio em ambos os casos resulta da mesma base fundamental. Você de fato
mudou a base de raciocínio, e é por isso que você está vivendo em contradição.
Quando um argumento é levado para o
primeiro nível, logo encontra um ponto de referência comum. Quando ele salta
apenas para o terceiro nível, que constrói sem alicerces.
4.
Equilíbrio entre Coração e Mente
A quarta tarefa que nós temos, a
tarefa da igreja, é trazer um equilíbrio entre o coração e a mente. O perigo de
encalhar no lado técnico do debate da verdade é que se pode perder o contato
com as verdadeiras necessidades e, portanto, a conexão tem de ser
restabelecida. A relevância vem justamente no ponto, no momento da aplicação.
Se, por exemplo, todas as reivindicações de Jesus são suportados apenas pelo
atestado histórico e/ou empírico, da experiência, alguém que lida apenas no
nível existencial não será capaz de fazer a conexão.
Pessoas de todas as gerações viveram
com várias lutas privadas, internas, mas
as gerações de hoje enfrentam algumas lutas distintas. O assalto à imaginação por meio do visual trouxe consigo novos
horizontes, mas decepcionantes fantasias também. Beleza e arte têm
retornos decrescentes, sem uma visão de mundo para interpretá-las e preencher
as lacunas. Depois de algum tempo, as experiências meramente estéticas ou de
entretenimento declinam em euforia e a mente procura mais. Ou seja, chega o
ponto que a beleza não interessa mais e a pessoa quer apenas mais przaer. Este
é o preço embutido no prazer.
Enquanto o mundo do entretenimento
deixa a pessoa entretida, sempre ansiando por mais, o mundo do conhecimento
deixou as velhas formas de absorção intelectual num terreno incerto...
O pastor é
muitas vezes a única pessoa que pode ajudar as pessoas a encontrarem sentido em
tudo isso. Que privilégio o nosso! Mas para um pastor e outros líderes da
igreja ajudarem a congregação a conectar suas vidas fragmentadas e ver a
evidência da providência de Deus, isso envolve o coração e a mente. Por isso na
Bíblia a figura do pastor é tido como “anjo da igreja” e na história como um
pai.
Uma vez
que, como tempestade, indagações ataquem a fé cristã, e a inquietação tome o
papel da apologética, muitos ministérios têm procurado encontrar outras formas
de "satisfazer as necessidades." No entanto, tais ministérios vão
pagar seu preço se a apologética for negligenciada. Isso é precisamente o que
pode ter provocado um emocionalismo altamente carregado na expressão cristã
contemporânea, com a mente tendo sido sepultada no processo.
Quando a
doutrina dá lugar a festas e emocionalismo o resultado é desvio, tanto da
plavra como da vontade Deus e até mesmo do evangelho naqueles que são mais
fracos.
As emoções são uma parte vital do
nosso ser e devem estar presentes, mas a emotividade é a perversão da emoção,
abandonando a razão. Como resultado, para o cristão comum, ir à igreja é apenas
algo que ele faz, além das outras coisas que ele faz. É uma injeção entre
parênteses para a corrente sanguínea de vida, apenas porque a alma permanece
subnutrida nas expressões da correria da rotina diária.
Uma ilustração que muito ajuda aqui
é a de um estudante na Universidade de Cornell, no final de uma palestra em
defesa da fé cristã, perguntando ao Dr. Ravi: "Todo dia ao acordar me
sinto compelido a viver dentro de um quadro naturalista. Como, em nome da
razão, eu posso fazer uma mudança de paradigma para o sobrenatural? "Ir à
igreja para ter suas perguntas respondidas foi a coisa mais distante de sua
mente. Ela estava vivendo uma vida compartimentada, ansiando que o espírito
fosse tocado, mas nunca pensando que a igreja poderia proporcionar isso.
Jesus falou para os excluídos da
sociedade, mas fascinantemente, em sua seleção de dois de seus porta-vozes mais
eficazes, Moisés e Paulo, Ele escolheu
aqueles com mentes aguçadas mas paixões profundas. Essa combinação, segundo
creio, deve moldar a nossa comunicação para que a vida seja vista como um todo
e não como fragmento.
Num tempo, quando muito coisa vai mal em muitos lugares ao redor do
mundo, e existe tanto procedimento espúrio, tem de haver um lugar onde haja respostas e onde
haja integridade na mensagem. É o lugar onde o povo de Deus
se reune e é pastoreado por alguém que sabe como atravessar a ponte da luta
para a esperança.
5.
Com Tranquilidade, Gentileza e Respeito
Infelizmente, o pastorado é uma visão
vã na nossa cultura. O pastor que se aproxima, que é ascessível, tem se tornado
uma espécie em extinção. Entre crescimento e formas de alta tecnologia de
comunicação, alguns pastores tornaram-se reclusos e distantes. Pelo nosso
ministério e pela restauração da nossa
cultura evangélica, pentecostal e assembleiana, anseio poder um dia ver
o retorno da presença deles.
Devemos ouvir nossas congregações e,
muitas vezes as questões por trás das
suas perguntas. Quando abordadas com mansidão, gentileza e respeito, muitas
pessoas admitem sua vulnerabilidade. Somos
chamados a ser fiéis no nosso viver e na pregação da Palavra. E Deus
prometeu honrar aqueles que o temem. Se a nossa pregação leva as pessoas ao
arrependimento genuíno e adoração, vamos ajudar a satisfazer os anseios mais
profundos do coração e da mente delas, e elas
vão encontrar o lugar onde a verdadeira descoberta reside.
Tiago
5.20
“Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.”
“Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.”
Em Cristo,
[1]
Ravi Zacharias and Norman Geisler, “Is
Your Church Ready: Motivating Leaders To Live an Apologetic Life” (Zondervan,
2003) chapter four.
[2] Norman Geisler aborda essa questão com amior propriedade no livro Christian
Apologetics (Grand Rapids: Baker, 1998).
[3]
Antony
Flew, The Presumption of Atheism (London: Pemberton, 1976), 14.
[4]
Michael
Scriven, Primary Philosophy (New York: McGraw-Hill, 1966), 103.
[5]
Kai
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