Pr Eliel Banner

Pr Eliel Banner

segunda-feira, 3 de março de 2014

Apologética - A Simplicidade da Defesa da Nossa Fé





 










A SIMPLICIDADE DA DEFESA DA NOSSA FÉ
APOLOGÉTICA

 “I Pedro 3:15
“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados
 para responder com mansidão e temor  a qualquer que vos pedir a razão da
esperança que há em vós,””.
                                                                                                                                    
A Simplicidade da Defesa da nossa Fé
“O maior obstáculo ao impacto do Evangelho não tem sido a sua inabilidade de prover respostas, mas a nossa falha em vivê-lo”[1]
Os apologetas Ravi Zacharias and Norman Geisler destacam neste capítulo do seu livro, quatro tarefas que, como pastores, líderes e apenas crentes em Jesus, devemos observar, na perspectiva do reconhecimento do importante papel de viver uma vida cristã disciplinada como uma defesa da nossa fé. Suas bases, extraídas dos trabalhos de “Os Guinness” (Cristão, Palestrante  Crítico Social e Escritor), são aqui expandidas tendo o mente pastores e líderes, ainda que podem e devem ser aplicadas por qualquer cristão cuidadoso dessa importante responsabilidade, com comprometimento.

1.      Esclarecer o Conteúdo da Verdade
Este é o principal propósito da defesa da nossa fé, pois hoje em dia o cristianismo sofre muito as influências dos métodos e seduções do mundo. Ravi conta que após uma palestra na Academia Militar Lênin, em Moscou na Rússia, um dos militares se levantou e perguntou: “Por cerca de uma hora você tem usado a palavra “Deus” várias vezes, o que você quer dizer com este termo?” Ele se lembrou que estava falando a uma audiência de ateus e ele talvez não tenha conseguido se conectar com por falta de definir seus termos fundamentais.
Algumas vezes tenho mencionado isso nas nossas reuniões, nós usamos muitas expressões “cristãs”, para não classificá-las de jargões, que nossos convidados não têm a menor ideia do que significam, ou pelo menos não sabem o que significam para nós. Por exemplo, se usamos a expressão “os santos do Senhor” e tivermos católicos ou novos convertidos do catolicismo entre nós, eles certamente não sabem o que estamos querendo dizer ou vão pensar que nós também adoramos imagens.
Nós usamos muitas expressões, mesmo que bem simples,  sem nenhuma explicação do que estamos querendo dizer, mesmo nas coisas básicas. As vezes as expressões crente, cristão, Cristo, irmão, igreja, etc., têm uma conotação bastante prejudicada aos ouvidos de muitas pessoas que têm um conhecimento muito mais pervertido delas, que autêntico.
Me lembro de uma tarde quando estava trabalhando na loja dos meus pais chegou um rapaz bem jovem, mais ou menos da minha idade, e começou a despejar um discurso decorado para me apresentar uma coleção de livros e me convencer de comprá-la. As sua expressões eram tão decoradas que eu fiz um comentário mais ou menos como – “você pode repetir tudo outra vez de trás prá frente agora?”
Já percebeu que muitos de nós somos exatamente assim? Não decoramos as coisas, mas às vezes nas nossas verdades, nas nossas crenças, somos automáticos, às vezes. Colocamos a marcha do carro no automático e vamos embora sem nos lembrarmos que mesmo no automático as marchas vão progressivamente se desenvolvendo. Temos de esclarecer o conteúdo das nossas verdades passo a passo, uma etapa de cada vez.
Talvez por isso nós tenhamos perdido nossa habilidade e capacidade de persuasão ao evangelho.
Muitos acreditam que a verdade pertence a uma denominação, outros às suas convicções e outros ainda há que aceitam tudo como verdade. Falamos disso no Secularismo, especificamente quando abordamos o Relativismo, lembra? Pessoalmente, particularmente, não podemos dizer que a verdade é exclusividade nossa, nem também podemos aceitar que tudo é verdade e que toda religião está certa. Somos humildes o sufciente para reconhecer que eventualmente podemos estar equivocados em alguma coisa e prontos para corrigir o curso, mas não ao ponto de desestabilizar os proncípios, as doutrinas da palavra de Deus e crêr em qualquer coisa. Se tudo fosse verdade, nada seria falso e se nada fosse falso, qual o significado da verdade?
Todas as religiões têm fundamentos inegociáveis, são seus dogmas, suas verdades. Mas o que importa na prática é como a sociedade e a cultura acabam lidando com essas verdades. Esse é o tendão de Aquiles na comunicação.
No nosso caso como cristãos, isso implica em como interagimos com pessoas que creêm em diferentes verdades, sem romper a linha de comunicação. Essa linha de comunicação, hostóricamente prejudicada pelos desmandos religiosos em épocas antigas que resultaram numa Europa secularista e anti-religião, também tem sido prejudicada nos países do “novo mundo” pela politização e liberalismo nas religiões, especialmente cristãs evangélicas. Abandonou-se a defesa da fé à causa de discussões públicas de políticas externas e alheias, bem como, o que é ainda pior, pelas discussões públicas do que deveria ser apenas interno e particular, se é que deveria sequer existir.
1Co 6.1, 2, 6 e 7
Ousa algum de vós, tendo uma queixa contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos?  Ou não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo há de ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas?
Mas vai um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos?
Na verdade já é uma completa derrota para vós o terdes demandadas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes a fraude?
Por outro lado, como pastores e líderes, temos o sagrado dever de constantemente lembrar o povo de Deus qual a verdadeira natureza da verdade, porque se a verdade desaparece do nosso meio, o próprio Evangelho desaparece do coração dos ouvintes. A primeira e principal tarefa de um apologista é se posicionar pela verdade e elucidar as alegações do Evangelho.
Elucidar e defender a verdade é a parte mais difícil da apologética porque ela é fundamental. Muitas pessoas tremem e gagejam quando têm de definir a verdade porque elas mesmas nunca param para refletir e entender o que elas mesmas querem dizer quando afirmam que Jesus é o caminho a verdade e a vida.
A verdade, mesmo numa simples afirmação, precisa ser testada por dois princípios, propõem os autores: Qualquer declaração feita tem de corresponder à realidade, e o sistema de pensamento que é desenvolvido como resultado tem de ser coerente.
Em outras palavras, quando a gente faz uma declaração, ela tem que ser real e, ela vai gerar uma discussão que tem de ser coerente. Ou seja, ninguém pode afirmar que algum pensamento ou declaração é verdade se a afirmação é totalmente fora da realidade. Se for assim, nunca vai haver uma discussão, um sistema de pensamento desenvolvido, que seja coerente.
Um exemplo, um pouco exagerado, mas apenas para ter uma ideia, é a estória do paciente que disse ao psiquiatra que ele era um galo. Está fora da realidade e não dá para discutir.
Sem perceber, talvez, todos nós aplicamos os testes da correspondência à realidade e da coerência nas questões que nos afetam na vida.[2]
A alegação de Jesus em ser o caminho a verdade e a vida e que ninguém chagria ao pai senão por Ele, embora pareça ser muito forte, é rasoável na sua afirmação da exclusividade da verdade. Alguém pode então legitimamente perguntar se Ele demonstra essa alegação além de apenas atestá-la, fazê-la, sem nenhuma defesa razoável. É muito importante que quando se faça uma alegação da verdade diante de uma audiência que se embase essa verdade, que se esclareça. Esse é primeiro e mais importante passo na apologética.
O Dr. Ravi sugere que na sua mensagem, um pastor seja capaz de difundir muitas questões e esclarecer muitos termos. Ele usa uma linguagem da eletrônica para ilustrar o processo. O pregador ou líder quando assume o púlpito, toma dois pontos, no coração e no intelecto do ouviente, e os pluga na estrutura da sua mensagem, conectando o ouvinte ao receptáculo do poder de Deus que fornece energia (poder) à alma do recipiente. Quando isso acontece, diz Ravi, o pastor serve como um adaptador para aquela necessidade e a apologética alacançou seu objetivo. Isso é o que de pelo menos alguém que está pregando deve fazer. Respondendo às perguntas do coração do ouvinte, o pastor se torna no veículo que carrega a resposta de Deus.
Se o assunto é muito profundo para o pastor abordar (...profundo, polêmico e filosófico...), ele deve buscar outros recursos e/ou pessoas que possam prover as respostas. Um pastor não tem que ter especialização em todas as áreas, mas deve estar pronto para apontar os recursos seguros onde as pessoas encontrarão respostas às suas questões. Nunca houve tanto material escrito, de áudio ou vídeo, disponível como agora. São doutores interagindo com a geração jovem, e os pastores demonstarnto sintonia nos assuntos.

2.      A Responsabilidade de Remover os Obstáculos
Em segundo lugar, temos a responsabilidade de remover os obstáculos do caminho dos ouvintes para que eles possam ter uma visão direta da cruz e da pessoa de Cristo. Aqui os pontos principais são a sensibilidade à experiência e a percepção do indivíduo.
O Dr. Ravi conta uma experiência do início do seu ministério quando atendeu a um casal que tinha algumas perguntas e a primeira foi sobre a existência da dôr e sofrimento no mundo  – “como pode Deus ser um Deus de amor?” Respondendo a pergunta ele percebe o bebê deles dormindo num banco logo atrás e nota que ele havia nascido com graves defeitos físicos.
Entende então que a última coisa que eles precisavam era uma resposta intelectualmente distante da dôr que eles estavam sentindo.  Havia obstáculos à sua fé que não poderiam ser postos de lado com uma simples resposta acadêmica. Fazê-los olhar para Jesus sem aquela barreira de dôr era uma longa e ardorosa tarefa de resposta, disse.Toda proclamação tem barreiras que lhe antecipem e, somente quando essas barreiras são removidas pela mensagem e o Espírito Santo traz a convicção, pois é Ele quem convence o homem do pecado e da justiça e do juízo, é que o coração pode atentar para Jesus.
A longa jornada de filho de pastor e  pastor nos permitiram ver muita coisa e nos dão experiência para perceber que todo cristão maduro sabe e pode muitas vezes até pontuar, que em nofundo os problemas não intelectuais, mas morais. No caso dos ateus, por exemplo, alguns dizem que o ônus da prova é dos teístas[3], outros, que a ausência de provas da existência de Deus é a mesma que a do Papai Noel[4]. Essas afirmações, carecem também de um processo de entendimento.
Lembre-se que o nosso objetivo é defender a nossa fé de maneira simples e não degladiar nossas convicções com quem quer que seja. Queremos ajudar o povo de Deus a firmar bem as estacas da sua fé e ganhar os ateus para Cristo.
Aqui, além da valiosa contribuição do Dr. Zacharias, podemos adicionar a perspectiva do Dr. Paul Copan, candidato a Ph. D. em Filosofia pela Marquette University. Ele analisa de forma muito interessante o fato dos ateus presumirem que não têm responsabilidade de provar coisa alguma. Ele diz:
“Mesmo que o teísta não consiga reunir bons argumentos para a existência de Deus, o ateísmo ainda assim não seria verdade. O ateu Kai Nielsen reconhece isso: "Mostrar que um argumento é inválido não é mostrar que a conclusão do argumento é falsa .... Todas as provas da existência de Deus podem falhar, mas ainda pode ser que Deus exista[5].
A "presunção ateísta" demonstra uma manipulação das regras do debate filosófico, a fim de fazer que eles sim tenham uma afirmação da verdade. Alvin Plantinga corretamente argumenta que o ateu não trata as afirmações "Deus existe" e "Deus não existe" da mesma maneira.[6] O ateu assume que se alguém não tem evidência da existência de Deus, então é obrigado a crer que Deus não existe – não importando se alguém tenha ou não prova contra a existência de Deus.
O que o ateu não consegue ver é que o ateísmo é tanto a pretensão de saber alguma coisa ("Deus não existe") quamto o teísmo ("Deus existe"). Portanto, a negação ateísta da existência de Deus precisa de comprovação como a alegação teísta, o ateu deve dar razões plausíveis para rejeitar a existência de Deus.
Na ausência de provas da existência de Deus, o agnosticismo, não o ateísmo, é a presunção lógica. Mesmo que os argumentos para a existência de Deus não convençam, o ateísmo não deve ser assumido, porque o ateísmo não é neutro; o agnosticismo puro sim é (isso não quer dizer absolutamente que o agnosticismo seja certo ou coerente, comentário nosso). O ateísmo só se justifica se houver provas suficientes contra a existência de Deus.
Colocar a crença em Papai Noel ou sereias e a crença em Deus no mesmo nível é puro engano. A questão não é que não temos boa evidência para estas entidades místicas, mas sim, temos fortes indícios de que eles não existem.
O teísta pode reunir razões credíveis para a crença em Deus. Por exemplo, alguém pode argumentar que a contingência do universo - à luz da cosmologia do Big Bang, o universo em expansão, e a segunda lei da termodinâmica (o que implica que o universo foi "dissolvido" e acabará por morrer uma morte térmica) - demonstram que o cosmos não foi sempre aqui. O cosmos não poderia ter vindo à existência sem causa, de absolutamente nada, porque nós sabemos que tudo que começa a existir tem uma causa. A Causa Primeira é como  o poderoso Deus do teísmo plausivelmente responde a questão da origem do universo. Além disso, a fina sincronia do universo - com condições complexamente equilibradas que parecem adaptadas para a vida - apontam para a existência de um criador inteligente.
A existência de uma moralidade objetiva fornece evidência para a crença em Deus. Se abandonar a viúva ou cometer genocídio, é muito errado, e não apenas culturalmente falando, então é difícil explicar uma moral universalmente vinculativa, em termos estritamente naturalistas. A maioria das pessoas pode ser convencida de que a diferença entre Adolf Hitler e Madre Teresa não é apenas cultural. Estas e outras razões, demonstram que o crente está sendo bastante racional - e não presunçoso - de abraçar a crença em Deus.[7]
Para a maioria dos ateus, seu ateísmo baseia-se em um problema moral e não intelectual. Eles querem uma autonomia moral e, consequentemente, apresentam a sua oposição ao teísmo como intelectual e não o contrário.[8]  A questão portanto reside no complexo moral, do certo e errado.
1Jo 3.4
Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia.” (ARIB)
A tarefa do apologista é, com a ajuda de Deus, ajudar o seu questionador ver o seu próprio coração como a raiz do problema e orar para que o Espírito Santo traga a convicção do pecado, pois é o que realmente isso é. Uma vez que essa convicção vem e o coração é descoberto , o Senhor Jesus aparece no seu esplendor com a oferta de perdão.


3.      Dar Respostas Específicas Considerando a Cosmovisão do Questionador
Outra importante tarefa que temos como cristãos é considerar a cosmovisão da pessoa que estamos tratando e dar respostas específicas sobre a nossa fé.
O desafio aqui é um pouco maior porque, como podemos responder a questões fundamentais legítimas com integridade e sensibilidade à razão e emoções da outra pessoa?
Por exemplo, se uma adolescente questiona seu pai, dizendo: “Pai, meu professor de sociologia disse que a sexualidade é basicamente uma questão cultural, é verdade?
Se o pai responde: “Não minha filha, a Bíblia nos mostra claramente que existem leis que Deus estabeleceu para a vida sexual do ser humano.”, ela pode responder: “mas ele não acredita na Bíblia.”
O pai está certo na sua maneira de lidar com o problema, mas ele colocou a filha numa posição que ela não tem como defender seu recurso de autoridade, ou seja, ele se defende mas não tem como argumentar já que o professor e ela estão baseados em princípios totalemente distintos. Se o profrssor tivesse mencionado a Bíblia seria mais fácil, mas se a Bíblia é rejeitada, então a menina está numa cova de leões, sem defesa alguma.
Portanto, a melhor abordagem de defesa da fé e ataque à falsidade aqui, certamente é detectar as cosmovisões e os desafios entre elas.
Uma das melhores maneiras de abordagem, que ajuda muito a identificar esse tipo de assunto, a defesa da nossa fé na perspectiva da cosmovisão do arguinte é conhecida como “Os Três Níveis de Filosofia”.
Essas explicações vão nos ajudar muito a simplificar nossa maneira de pensar e abordar um assunto difícil. Isso exige uma visão prática rigorosa, especialmente no processo como as pessoas acreditam em certas coisas. Alguns pastores e líderes não gostam muito do pensamento filosófico, mas cada um de nós luta com estes problemas em algum nível, e o nosso povo, ídem.
O primeiro nível é fundamental, básico – A infra-estrutura teórica da lógica onde as induções são feitas e as deduções são postuladas. Ou seja, aqui nossos  somos induzidos a pensar em algum assunto ou argumento, e aqui também chegamos às nossas deduções.
Ainda que pareça muito filosófico, não é. A verdade tem uma relação direta com a realidade e as leis da lógica se aplicam em todas as esferas de nossas vidas.
O professor Peter Kreeft, professor de filosofia do Boston College, comenta a abordagem no que ele chama de as Três Filosofias de Vida. Ele diz que três coisas têm que combinar em qualquer tipo de argumento:
1.      Os termos têm de ser exatos, inequívocos, inambíguos
2.      As premissas, as bases, têm de ser verdadeiras.
3.      O argumento tem de ser lógico.[9]
Um exemplo colocado pelo Dr. Zacaharias nos ajuda a entender bem esta questão; ele conta que um aluno certa vez afirmou que “nada na vida tinha significado, valor algum”. Você não crê verdadeiramernte nisso, respondeu Ravi. Creio sim, quem é você prá dizer que eu não creio? disse o aluno. Então o Dr. Ravi disse: “então repita sua declaração para mim”. O aluno repetiu: “nada na vida tem significado algum!”. Ravi disse então: “se a sua declaração tem algum significado, então alguma coisa na vida tem significado. Ou seja, se nada tem significado, então o que você disse também não tem valor algum. Então você não disse  nada!”
O segundo nível de filosofia não sente a restrição da razão. Ele encontra seu refúgio na imaginação e no sentimento. Essas formas de pensar, neste nível,  podem entrar na consciência através de um jogo ou de uma novela, ou tocar a imaginação através da mídia visual, tornando aquilo que críamos, alterado por seu impacto, através das nossas emoções.
Isso é extremamente eficaz –  literatura, teatro, música, etc., –  têm historicamente moldado a alma de uma nação muito mais do que o raciocínio sólido. Influênciando as massas.
O nível dois é existencial e falaciosamente alega que ele não precisa curvar-se as leis da lógica. Porém, muitas pessoas que tomam as suas emoções como um ponto de partida para determinar a verdade acham que elas são donas da verdade. Ao pensar exclusivamente a este nível, elas mergulham sistematicamente mais profundamente, até que seu mundo gira em torno da sua paixão pessoal, com uma perigosa auto-absorção.
É muito importante que entendamos isso, não somente para a nossa vida pessoal, mas para que possamos lidar melhor com as outras pessoas, especialmente àquelas que temos de defender a nossa fé. Tem gente que assume seu mundo de maneira tão emocional que acaba acreditando que todo mundo é igual, , por exemplo, que todo mundo é ladrão ou mentiroso.
Elas reformulam sua visão de mundo para uma visão de "melhor sentir do que falar", se sente bem, faça isso, ou, como a letra da música diz: "Como é que pode estar errado quando a gente se sente tão bem?" Infelizmente, até mesmo muitas igrejas se têm dado a pensar quase que exclusivamente a este nível, como é evidenciado em sua adoração e pregação (como a doutrina dos anjos que acabou com a igreja em Boston, por exemplo; parecia que havia tanto poder, tanta presença de Deus com a evidência na aparição dos anjos, mas era apenas emocional e o resto do mundo estava errado por não compartilhar ou por não ter “nível espiritual” suficiente para absorver ou pelo menos entender). Mas enganamos nosso povo quando divorciamos nossa pregação de um argumento sério, mesmo que eles tenham interpretações difíceis e, ao invés disso pregamos ao nível apenas da emoção.
Hb 5.11
Sobre isso temos muito que dizer, mas de difícil interpretação, porquanto vos tornastes tardios em ouvir”. (grifo nosso)
2Pe 3.16
como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição.


O terceiro nível é conhecido como “as conclusões da mesa da cozinha”. É incrível o quanto de moralização e de prescrição na vida acontece durante conversas informais.
A configuração pode variar de cafés onde filósofos frustrados pontificam sobre temas profundos, para a mesa da cozinha onde as crianças interagem com os pais em questões de grande alcance, de assuntos profundos. O assunto pode surgir de um item das últimas notícias ou de um escândalo do dia, ou pode ser uma questão levantada na sala de aula, como a mencionada acima, da filha e seu pai. Deste nível de filosofar não escapam nem a criança nem o reitor de uma universidade de prestígio, porque "Porquê?" é uma das primeiras expressões da vida humana.
Em resumo, o nível um é com respeito à lógica, nível dois é baseado no sentimento, e o nível três é o lugar onde tudo é aplicada à realidade. Dito de outra forma, o nível um atesta porque nós acreditamos no que nós acreditamos, o nível dois indica porque vivemos o modo como vivemos, e o nível três atesta por que julgamos os outros da maneira que nós julgamos.
Para cada vida que é vivida a um nível razoável, estas três questões devem ser respondidas. Em primeiro lugar, eu posso defender o que acredito em conformidade com as leis da lógica? Ou seja, é defensável? Segundo, se todo mundo deu a si mesmo as prerrogativas da minha filosofia, poderia haver harmonia na existência? Ou seja, é suportável isso? Terceiro, eu tenho o direito de fazer julgamentos morais nos assuntos da vida diária? Ou seja, é transferível?
Nenhum destes níveis pode existir isoladamente. Eles devem seguir uma seqüência correta. Aqui está a chave: Deve-se argumentar a partir do nível um, ilustrar a partir do nível dois, e aplicar no nível três (VIP em nossas mensagens no púlpito).
A vida deve passar da verdade para a experiência e daí para a prescrição, receita. Se qualquer teísta ou ateu viola esse procedimento, ele não está lidando com a realidade, está criando a sua própria realidade.
Denovo, o pai e a filha e o assunto em da sexualidade e a cultura. Observe que o pai faz o seu argumento no nível três, da receita, ou seja, a receita é o que a Bíblia diz. Não está errado mas a questão se dá a outro nível, que é, há absolutos? Ou seja, nível um, argumento.
Portanto, o pai deve então começar no nível um, a razão para a sua afirmação, mostrando que a Bíblia é válida para o argumento por muitas razões, seja pelo seu valor histórico, filosófico ou moral. Ele deve também mostrar que um absoluto, por natureza, não tem necessidade de ser culturalmente determinado. Ou seja, verdades absolutas transcendem barreiras culturais.
Outra ilustração que ajuda muito na compreensão desse assunto é a da abordagem de uma repórteer ao Dr. Zacharais; ele conta: Após a palestra, ela estava caminhando ao meu lado e disse: "Posso lhe fazer uma pergunta que realmente me dá problema com os cristãos?"
Ficarei feliz em responder. "Por que?", ela perguntou, "os cristãos são abertamente contra a discriminação racial, mas ao mesmo tempo, discriminam certos tipos de comportamento sexual?" (Ela fez referências específicas aos tipos de comportamento em que ela se sentia discriminada) .
Eu disse: "Somos contra a discriminação racial, porque uma etnia é sagrada. Você não pode violar a sacralidade da própria raça. Pelo mesmo motivo, somos contra a alteração do padrão e do propósito de Deus para a sexualidade. O sexo é sagrado aos olhos de Deus e não deve ser violado. O que você tem que explicar é por que você trata a raça como sagrada e dessacraliza a sexualidade. A questão é realmente sua, não minha.
Em outras palavras, o nosso raciocínio em ambos os casos resulta da mesma base fundamental. Você de fato mudou a base de raciocínio, e é por isso que você está vivendo em contradição.
Quando um argumento é levado para o primeiro nível, logo encontra um ponto de referência comum. Quando ele salta apenas para o terceiro nível, que constrói sem alicerces.

4.      Equilíbrio entre Coração e Mente
A quarta tarefa que nós temos, a tarefa da igreja, é trazer um equilíbrio entre o coração e a mente. O perigo de encalhar no lado técnico do debate da verdade é que se pode perder o contato com as verdadeiras necessidades e, portanto, a conexão tem de ser restabelecida. A relevância vem justamente no ponto, no momento da aplicação. Se, por exemplo, todas as reivindicações de Jesus são suportados apenas pelo atestado histórico e/ou empírico, da experiência, alguém que lida apenas no nível existencial não será capaz de fazer a conexão.
Pessoas de todas as gerações viveram com várias lutas privadas, internas,  mas as gerações de hoje enfrentam algumas lutas distintas. O assalto à imaginação por meio do visual trouxe consigo novos horizontes, mas decepcionantes fantasias também. Beleza e arte têm retornos decrescentes, sem uma visão de mundo para interpretá-las e preencher as lacunas. Depois de algum tempo, as experiências meramente estéticas ou de entretenimento declinam em euforia e a mente procura mais. Ou seja, chega o ponto que a beleza não interessa mais e a pessoa quer apenas mais przaer. Este é o preço embutido no prazer.
Enquanto o mundo do entretenimento deixa a pessoa entretida, sempre ansiando por mais, o mundo do conhecimento deixou as velhas formas de absorção intelectual num terreno incerto...
O pastor é muitas vezes a única pessoa que pode ajudar as pessoas a encontrarem sentido em tudo isso. Que privilégio o nosso! Mas para um pastor e outros líderes da igreja ajudarem a congregação a conectar suas vidas fragmentadas e ver a evidência da providência de Deus, isso envolve o coração e a mente. Por isso na Bíblia a figura do pastor é tido como “anjo da igreja” e na história como um pai.
Uma vez que, como tempestade, indagações ataquem a fé cristã, e a inquietação tome o papel da apologética, muitos ministérios têm procurado encontrar outras formas de "satisfazer as necessidades." No entanto, tais ministérios vão pagar seu preço se a apologética for negligenciada. Isso é precisamente o que pode ter provocado um emocionalismo altamente carregado na expressão cristã contemporânea, com a mente tendo sido sepultada no processo.
Quando a doutrina dá lugar a festas e emocionalismo o resultado é desvio, tanto da plavra como da vontade Deus e até mesmo do evangelho naqueles que são mais fracos.
As emoções são uma parte vital do nosso ser e devem estar presentes, mas a emotividade é a perversão da emoção, abandonando a razão. Como resultado, para o cristão comum, ir à igreja é apenas algo que ele faz, além das outras coisas que ele faz. É uma injeção entre parênteses para a corrente sanguínea de vida, apenas porque a alma permanece subnutrida nas expressões da correria da rotina diária.

Uma ilustração que muito ajuda aqui é a de um estudante na Universidade de Cornell, no final de uma palestra em defesa da fé cristã, perguntando ao Dr. Ravi: "Todo dia ao acordar me sinto compelido a viver dentro de um quadro naturalista. Como, em nome da razão, eu posso fazer uma mudança de paradigma para o sobrenatural? "Ir à igreja para ter suas perguntas respondidas foi a coisa mais distante de sua mente. Ela estava vivendo uma vida compartimentada, ansiando que o espírito fosse tocado, mas nunca pensando que a igreja poderia proporcionar isso.
Jesus falou para os excluídos da sociedade, mas fascinantemente, em sua seleção de dois de seus porta-vozes mais eficazes, Moisés e Paulo, Ele escolheu aqueles com mentes aguçadas mas paixões profundas. Essa combinação, segundo creio, deve moldar a nossa comunicação para que a vida seja vista como um todo e não como fragmento.
Num tempo, quando muito coisa vai mal em muitos lugares ao redor do mundo, e existe tanto procedimento espúrio, tem de  haver um lugar onde haja respostas e onde haja integridade na mensagem. É o lugar onde o povo de Deus se reune e é pastoreado por alguém que sabe como atravessar a ponte da luta para a esperança.

5.      Com Tranquilidade, Gentileza e Respeito
Infelizmente, o pastorado é uma visão vã na nossa cultura. O pastor que se aproxima, que é ascessível, tem se tornado uma espécie em extinção. Entre crescimento e formas de alta tecnologia de comunicação, alguns pastores tornaram-se reclusos e distantes. Pelo nosso ministério e pela restauração da nossa  cultura evangélica, pentecostal e assembleiana, anseio poder um dia ver o retorno da presença deles.
Devemos ouvir nossas congregações e, muitas vezes as questões por trás das suas perguntas. Quando abordadas com mansidão, gentileza e respeito, muitas pessoas admitem sua vulnerabilidade. Somos chamados a ser fiéis no nosso viver e na pregação da Palavra. E Deus prometeu honrar aqueles que o temem. Se a nossa pregação leva as pessoas ao arrependimento genuíno e adoração, vamos ajudar a satisfazer os anseios mais profundos do coração e da mente delas, e elas vão encontrar o lugar onde a verdadeira descoberta reside.

Tiago 5.20
Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.
 
Em Cristo,

Joel Freire Costa
Pastor


[1] Ravi Zacharias and Norman Geisler, “Is Your Church Ready: Motivating Leaders To Live an Apologetic Life” (Zondervan, 2003) chapter four.

[2] Norman Geisler aborda essa questão com amior propriedade no livro Christian Apologetics (Grand Rapids: Baker, 1998).
[3] Antony Flew, The Presumption of Atheism (London: Pemberton, 1976), 14. 
[4] Michael Scriven, Primary Philosophy (New York: McGraw-Hill, 1966), 103. 
[5] Kai Nielsen, Reason and Practice (New York: Harper & Row, 1971), 143-44. 
[6] Alvin Plantinga and Nicholas Wolterstorff, eds., Faith and Rationality (University of Notre Dame Press, 1983), 27.
[7] Paul Copan , A Jewish-Christian Discussion (Word, 1997). 
[8] Ravi Zacharias and Norman Geisler, “Is Your Church Ready: Motivating Leaders To Live an Apologetic Life” (Zondervan, 2003) chapter four.

[9] Peter Kreeft, Three Philosophies of Life (San Francisco: Ignatius Press, 1989), 54.

Nenhum comentário:

Postar um comentário