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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

CÂNONS DA BÍBLIA:


O Cânon da Bíblia.

A palavra “cânon” vem do termo grego “kanon” que significa “cana’, ou seja” uma vara reta “ou” um padrão de medida “. Daí deriva o significado secundário que se refere a uma regra ou padrão de conduta uma forma de lei. O sentido metafórico da palavra cânon é empregado para significar” aquilo que é conforme a regra ou medida “. Mais tarde passou a significar lista ou catalogo.

Logo veio a ser utilizada significando um padrão de opinião e de conduta, sendo finalmente aplicada aos livros da Bíblia. Assim sendo, o cânon da Bíblia consiste naqueles livros considerados com méritos incluídos nas Sagradas Escrituras. Livros que foram medidos foram declarados satisfatórios e aprovados pelos Pais da Igreja como tendo sido inspirados por Deus.

Por que foi formado e quando foi formado o Cânon da Bíblia?

O cânon da Bíblia começou a ser formado durante as primeiras décadas da nossa era, especialmente após a queda de Jerusalém em 70 d.C., quando os judeus calcularam suas posses espirituais em particular sobre o que haviam recebido como “livros santos”. Não é de se surpreender que após longa reflexão alguns deles tenham feito objeções contra alguns desses livros, como por exemplo, Eclesiastes, Cantares e Estér.

Embora isto tenha acontecido, mesmo assim foi muito bom, pois o cânon foi definido de forma mais séria e aplicado com cuidado e rigor sobre os Escritos Sagrados.

Existem três principais razões para o cânon da Bíblia ter sido definido. Primeiro, para conservar os escritos inspirados contra a corrupção. Em segundo lugar para evitar a edição de outros livros, pois já haviam aparecido muitos outros livros que se diziam inspirados. A terceira razão para a formação do cânon da Bíblia foi para prevenir qualquer tentativa de destruírem a Bíblia.

O Cânon protestante do Antigo Testamento.

O cânon protestante do Antigo Testamento (composto pelos trinta e nove livros relacionados a baixo) é exatamente igual ao cânon hebraico massorético, que seria formado pelos seguintes livros:

Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Estér, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

O cânon massorético é a Bíblia hebraica em sua forma definitiva, vocalizada e acentuada pelos massoretas. A ordem dos livros, entretanto, segue a da Vulgata e da Septuaginta.

Algumas explicações sobre os Massoretas.

Os massoretas eram judeus estudiosos que se dedicavam à tarefa de guardar a tradição oral (massora) da vocalização e acentuação correta do texto. À medida que um sistema de vocalização foi sendo desenvolvido, entre 500 e 950 AD, o texto consonantal que receberam dos soferim foi sendo por eles cuidadosamente vocalizado e acentuado.

Além dos pontos vocálicos e dos acentos, os massoretas acrescentavam também ao texto as massoras marginais, maiores e finais, calculadas pelos soferim. Essas massoras (tradições) eram esta­tísticas colocadas ao lado das linhas, ao fim das páginas e ao final dos livros, indicando quantas vezes uma determinada palavra aparecia no livro, o número de versículos, palavras e letras. Elas indicavam até a palavra e letra central do livro.

O Cânon Massorético

Embora o conteúdo do cânon protestante seja o mesmo do cânon hebraico, a divisão e a ordem dos livros são diferentes. Eis a divisão e ordem do cânon hebraico:

O Pentateuco (Torá): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Os Profetas (Neviim): Anteriores: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. Posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Profetas Menores. Os Escritos (Kêtuvim): Poesia e Sabedoria: Salmos, Provérbios e Jó. Rolos ou Megilloth (lidos no ano litúrgico): Cantares (na páscoa), Rute (no pentecostes), Lamentações (no quinto mês), Eclesiastes (na festa dos tabernáculos) e estér (na festa de purim).

Históricos : Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas. O Cânon Consonantal A divisão e ordem dos livros no cânon hebraico consonantal (anterior) era a mesma. O número de livros, entretanto, era diferente. O conteúdo era o mesmo, mas agrupado de modo a formar apenas vinte e quatro livros. Os livros de 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas eram unidos, formando apenas um livro cada (o que implica em três livros a menos em relação ao nosso cânon). Os doze profetas menores eram agrupados em um só livro (menos onze livros). Esdras e Neemias formavam um só livro, o Livro de Esdras (menos um livro).

Testemunhas Antigas do Cânon Protestante Hebraico

A referência mais antiga ao cânon hebraico é do historiador judeu Josefo (37-95 AC). Em Contra Apionem ele escreve:

“Não temos dezenas de milhares de livros, em desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois, contendo o registro de toda a história, os quais, conforme se crê, com justiça, são divinos”.

Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés, aos treze livros dos profetas, e aos demais escritos (os quais “incluem hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas”), ele continua afirmando: Desde Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja.

Josefo é suficientemente claro. Como historiador judeu, ele é fonte fidedigna. Eram apenas vinte e dois os livros do cânon hebraico agrupados nas três divisões do cânon massorético. E desde a época de Malaquias (Artaxerxes, 464-424) até a sua época nada se lhe havia sido acrescentado. Outros livros foram escritos, mas não eram considerados canônicos, com a autoridade divina dos vinte e dois livros mencionados.

Além de Josefo, Mileto, Bispo de Sardes, diz ter viajado para o Oriente, em 170, com o propósito de investigar a ordem e o número dos livros do Antigo Testamento; Orígenes, o erudito do Egito, que morreu em 254; Tertuliano (160-250), pai latino contemporâneo de Orígenes; e Jerônimo (340-420), entre outros, confirmam o cânon hebraico de vinte e dois ou vinte e quatro livros (dependendo do agrupamento ou não de Rute e Lamentações).

É interessante observar que o próprio Jerônimo, tradutor da Vulgata latina, que daria origem ao cânon católico, embora considerasse os livros apócrifos úteis para a edificação, não os tinha como canônicos. Embora tendo traduzido outros livros não canônicos, ele escreveu que “deveriam ser colocados entre os apócrifos”, afirmando que “não fazem parte do cânon”.Referindo-se ao livro de Sabedoria de Salomão e ao livro de Eclesiástico, ele diz:

“Da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus (no culto público), mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros úteis para a edificação do povo, mas não para receber as doutrinas da igreja”.

Vale salientar ainda que a versão siríaca Peshita, que bem pode ter sido feita no século II ou III, ou até mesmo no século I,[8] nos manuscritos mais antigos, não contém nenhum dos apócrifos.

O Testemunho de Jesus e dos Apóstolos

Embora as evidências já mencionadas sejam importantes, a principal testemunha do cânon protestante do Antigo Testamento é o Novo Testamento. Jesus e os apóstolos não questionaram o cânon hebraico da época (época de Josefo convém lembrar). Eles citaram-no cerca de seiscentas vezes, de modo autoritativo, incluindo praticamente todos os livros do cânon hebraico. Entretanto, não citam nenhuma vez os livros apócrifos. Pode-se concluir, portanto, que Jesus e os apóstolos deram o imprimatur deles ao cânon hebraico e, conseqüen­temente, ao cânon protestante.

O Cânon Católico do Antigo Testamento.

O cânon católico, composto pelos trinta e nove livros encontrados no cânon protestante, acrescido das adições a Daniel e estér, e dos livros de Baruque, Carta de Jeremias, 1-2 Macabeus, Judite, Tobias, Eclesiástico e Sabedoria — 3 e 4 Esdras e a Oração de Manassés são acrescentadas depois do NT — origina-se da Vulgata latina, que por sua vez provém da Septuaginta. Livros da Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Livros de História: Josué, Juízes, Rute, 1-2 Samuel, 1-2 Reis (chamados 1-2-3-4 reinados), 1-2 Crônicas, 1-2 Esdras (o primeiro apócrifo), Neemias, Tobias, Judite e estér. Livros de Poesia e Sabedoria: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Sabedoria de Salomão, Sabedoria de Siraque (ou Eclesiástico). Livros Proféticos: Profetas Menores; Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Baruque, Lamentações, Epístola de Jeremias, Ezequiel, e Daniel (incluindo as histórias de Susana, Bel e o Dragão e o cântico dos Três Varões).

Alguns desses livros foram escritos posteriormente, em grego, possivelmente por judeus alexandrinos, e foram incluídos na biblioteca judaica de Alexandria, tais como Primeiro e Segundo Esdras, adições a estér, Sabedoria, e a Epístola de Jeremias.

Nem sempre todos estes livros estão presentes nos manuscritos antigos da Septuaginta. O Códice Vaticano (B) omite Primeiro e Segundo Macabeus (canônicos para a Igreja Católica) e inclui Primeiro Esdras (não canônico para a Igreja Católica). O Códice Sináitico (À) omite Baruque (canônico para Roma), mas inclui o quarto livro dos Macabeus (não canônico para Roma). O Códice Alexandrino (A) inclui o Primeiro Livro de Esdras e o Terceiro e Quarto Livros dos Macabeus (apócrifos para Roma).

O que se pode concluir daí é que, quando a Septuaginta era copiada, alguns livros não canônicos para os judeus eram também copiados. Isso poderia ter ocorrido por ignorância quanto aos livros verdadeiramente canônicos.

Pessoas não afeiçoadas ao judaísmo ou mesmo desinteressadas em distinguir livros canônicos dos não canô­nicos tinham por igual valor todos os livros, fossem eles original­mente recebidos como sagrados pelos judeus ou não.

Mesmo aqueles que não tinham os demais livros judaicos como canônicos certamente também copiavam estes livros, não por considerá-los sagrados, mas apenas para serem lidos. Por que não copiar livros tão antigos e interessantes? Mesmo pessoas bem intencionadas podem ter sido levadas a rejeitar alguns dos livros canônicos, ou a aceitar como canônicos alguns que não o fossem, por ignorância ou má interpretação da história do cânon.

Convém lembrar que, embora o testemunho do Espírito Santo seja a principal regra de canonicidade por parte da igreja como um todo, mesmo assim, o crente ainda tem uma natureza pecami­nosa que não o livra totalmente de incidir em erro, inclusive quanto ao assunto da canonicidade. Isto acontece especialmente em épocas de tran­sição, como foi o caso de Agostinho que defendeu os livros apócri­fos, embora de modo dúbio, e depois o de Lutero, o qual colocou em dúvida a canonicidade da carta de Tiago.

Comentário sobre aVulgata

Como já foi mencionado, ao traduzir a Vulgata, Jerônimo também incluiu alguns livros apócrifos. Não o fez, contudo, por considerá-los canônicos, mas apenas por considerá-los úteis, como fontes de informação sobre a história do povo judeu. Na Idade Média a versão francamente usada pela igreja foi a Vulgata latina. A partir dela e da Septuaginta também foram feitas outras traduções. Ora, multiplicando-se o erro, e afastando-se cada vez mais a igreja da verdade (como aconteceu crescentemente nesse período), tornou-se mais e mais difícil distinguir entre os livros que deveriam ser considerados canônicos ou não.

Esses livros nunca foram completa­mente aceitos, mesmo nessa época. Mas, por estarem incluídos nessas versões, a igreja em época de trevas, geralmente falando, não teve discernimento espiritual para distinguir entre livros apócrifos e canônicos.

Por fim, no Concílio de Trento, em 1546, também em reação contra os protestantes, que reconheceram apenas o cânon hebraico, a igreja de Roma declarou canônicos os livros apócrifos relacionados acima, bem como autoritativas as tradições orais: “O Sínodo... recebe e venera todos os livros, tanto do Antigo como do Novo Testamento... assim como as tradições orais”.A seguir são relacionados todos os livros considerados canônicos, incluindo os apócrifos. Concluindo, o decreto adverte:

Se qualquer pessoa não aceitar como sagrado e canônico os livros mencionados em todas as suas partes, do modo como eles têm sido lidos nas igrejas católicas, e como se encontram na antiga Vulgata latina, e deliberadamente rejeitar as tradições antes mencionadas, seja anátema.[11]

A igreja grega seguiu mais ou menos os passos da igreja ocidental. Houve sempre dúvida na aceitação dos apócrifos, mas, no Concílio de Trulano, em 692, foram todos aceitos (quatorze). Ainda assim, como sempre houve reservas quanto à plena aceitação de muitos deles, a igreja grega, em 1672, acabou reduzindo para quatro o número dos apócrifos aceitos: Sabedoria, Eclesiástico, Tobias e Judite. Por ironia da História, a Vulgata de Jerônimo, o qual não considerava canônicos os livros apócrifos, veio a ser a principal responsável pela inclusão destes mesmos livros no cânon católico.

A obra dos reformadores foi maior do que se pode pensar à primeira vista. Eles não apenas redescobriram as doutrinas básicas do evangelho, como a doutrina da salvação pela graça mediante a fé. Eles redescobriram também o cânon.

Graças a eles e ao testemunho do Espírito Santo, a igreja protestante reconhece como canônicos, com relação ao Antigo Testamento (é claro), os mesmos livros que Jesus e os apóstolos, e os judeus de um modo geral sempre reconheceram. Alguns dos apócrifos são realmente úteis como fontes de informação a respeito de uma época importante da história do povo de Deus: o período inter-testamentário. Os protestantes reconhecem o valor histórico deles. Seguindo a prática dos primeiros cristãos, as edições modernas protestantes da Septuaginta normalmente incluem os apócrifos, e até algumas Bíblias protestantes antigas os incluíam, no final, apenas como livros históricos. Mas as igrejas reformadas excluíram totalmente os apócrifos das suas edições da Bíblia, e, “induziram a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar que não editaria Bíblias que tivessem os apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que incluíssem esses livros em suas edições”. Melhor assim, tendo em vista o que aconteceu com a Vulgata! Melhor editá-los separadamente.




 

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