Posted: 26 Mar 2013 |
seabravinicius.blogspot.com.br | por Vinicius Seabra
“Para a árvore pelo menos há esperança: se é cortada, torna a brotar, e os seus renovos vingam. Suas raízes poderão envelhecer no solo e seu tronco morrer no chão; ainda assim, com o cheiro de água ela brotará e dará ramos como se fosse muda plantada”.
Jó 14:7-9 (NVI)
O
Brasil tem feito inúmeras campanhas contra a Dengue, uma enfermidade
causada pela picada de um mosquito conhecido como Aedes Aegypti. Há
vários casos de pessoas infectadas que não apresentam nenhum sintoma,
porém o tipo mais comum em terras tupiniquins é Dengue Clássica que
é uma forma mais leve da doença e se assemelha à gripe. Nestes casos os
sintomas são febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor
muscular e nas articulações, indisposição, enjoos, vômitos, manchas
vermelhas na pele, dor abdominal, entre outros. O mosquito nasce e se
reproduz em água parada, limpa, e de preferência em recipientes fabricados
pelo homem, como latas, pneus, vasos etc., dentro ou perto das habitações
humanas. Estas informações são maciçamente disseminadas pela mídia como
forma de prevenção e orientação à população a fim de tentar erradicar ou
pelo menos minimizar possíveis epidemias de Dengue. Paralelamente, e de
forma figurativa, a igreja também está em perigo, pois há um tipo de
Dengue Espiritual que está sendo desenvolvida em algumas igrejas
com água parada.
O crente aedes aegypti nasce e se reproduz
naquelas igrejas que são por natureza água parada. Contudo,
diferentemente do criadouro do mosquito que é fácil de detectar por conta
da inquestionável água parada, tal alínea no tipo Dengue Espiritual
é dificílimo de ser diagnosticado, pois há muita agitação nas igrejas em
nome daquele que é a Água Viva. Portanto, se faz necessário distinguir
ações práticas da fé em contraposição a dominical euforia espiritual
coletiva. O clamor do evangelho bíblico é que a fé dos cristãos não seja
simplesmente espiritual, mas principalmente prático, a saber:
“...pelas obras a fé foi aperfeiçoada” - Tg. 2:22; “Conheço as tuas obras,
e o teu trabalho...” - Ap. 2:2; “...não amemos de palavra, nem de língua,
mas por obra...” - 1 Jo. 3:18. Sendo assim, é desnudado o pano
espiritualístico subjetivo e fica notório que as igrejas com água parada
são aquelas que resumem a fé dos fieis em cultos dominicais, que limitam a
liturgia há alguns clérigos, que minimizam o cristianismo a atos
profético-espirituais, que banham os membros de palavras positivistas e
que geram cristãos com ricos em discursos farisaicos. Portanto, igrejas
com água parada são aquelas que espiritualizam tudo, tornando o evangelho
num amuleto mágico sem implicações práticas para a vida em
comunidade.
O
crente aedes aegypti só fica batendo asas por ai, vive voando,
“distante” da terra, quando pousam é para picar e enfermar os que estão
trabalhando na seara. Estes são aqueles que não contribuem para a
edificação do Reino, mas sempre tem um discurso positivista engordurado de
orgulho espiritualista. Estes se acham grandes e fortes, mas são apenas
mosquitos olhando por cima. Este tipo de crente, por ser fruto de igrejas
de água parada, sempre buscarão outras igrejas com água parada para poder
procriar (leia-se discipular). De certa forma é fácil encontrar os
crentes-agypti’s, pois estes fogem da prática cristã, preferem
apenas um discurso distante. Entretanto, e aparentemente paradoxal, uma
igreja cheia destes mosquitos espirituais pode se passar
despercebido em sua comunidade local, pois se acostumam com os sintomas da
doença (Dengue Espiritual) e já não sabem distinguir os sãos dos
doentes. Aliás, algumas vezes dá a impressão que quanto mais doente a
pessoa está mais provável é que ela seja coroada como líder do bando –
principalmente por causa dos delírios espirituais ocasionado pela
alta febre igrejeira.
O
triste cenário de igrejas com água parada que produzem os crentes
aegypti´s são uma realidade no contexto brasileiro. Todavia, é válido
relembrar que estes não se enquadram na proposta de cristianismo desenhada
no Novo Testamento. O padrão de igreja neotestamentária se assemelha a um
rio que tem sua fonte existencial na Água Viva e cujas correntes desaguam
para/no Eterno. É neste modelo de igreja rio que há vida; é neste lugar
que a operosidade da fé se manifesta como refrigério; é neste cristianismo
que o sedento encontra água para lavar seus pecados; é neste ambiente que
o simples escutar do movimento das águas produz cura para a alma cansada.
Enfim, como que vislumbrando uma bandeira de esperança, pode-se afirmar
que há vida cristã longe da água parada. Portanto, o convite é que se
aproxime do Rio da Vida.
Ps.: conforme prometido, dedico
este artigo ao Pr. Dalton Rios, pastor da Igreja Evangélica Missionária
Maranata em Goiânia (Go), que durante uma aula no Seminário Evangélico de
Teologia da América Latina deu o “insight” necessário para a presente
reflexão.
Fortalecido
pela cruz de Cristo,
Vinicius
Seabra | vinicius@mtn.org.br
Obrigado diversos acessos a esta materia. Meus cumprimentos, deixe os seus comentarios
ResponderExcluir